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O Paradoxo Francês: Um Exemplo A Ser Seguido?

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O Paradoxo Francês, que é uma expressão utilizada pelos anglo-saxões e nutricionistas, é uma discussão bastante comum na Europa.

O porquê dos franceses não engordarem em excesso e mantém uma boa condição de saúde mesmo com uma dieta calórica a base de muita manteiga e gorduras animais.

E, um exemplo gastronômico a ser seguido no Brasil!

O Paradoxo Francês

O estudo, Monitoring Trends And Determinants In Cardiovascular Disease analisou mais de 13 milhões de pessoas, em 21 países sobre a incidência e a gravidade das doenças estudadas em diferentes populações por 5 anos, de 1985 a 1990, trouxe a tona como resultado uma paradoxal constatação:

Os hábitos dos franceses à época do estudo incluíam fatores de risco para as coronárias. Em sua dieta diária, consumiam queijos, leite, manteiga, gorduras saturadas e carboidratos, além do tabagismo generalizado.

Porém, os índices de morte causada por infarto do miocárdio era bem inferior quando comparado ao de outras populações como os países de língua inglesa, primordialmente os Estados Unidos e a Inglaterra onde, apesar dieta e hábitos eram menos suscetíveis ao risco.

Mas, como explicar tal constatação científica; o Paradoxo Francês?

As Hipóteses

A primeira hipótese possível é o fato do alto consumo de vegetais, que são agentes protetores de diversos males à saúde causados pela a ingestão excessiva de gordura.

Como também, pelos franceses terem começado a se alimentar com gordura saturada bem mais tarde que outros países como os Estados Unidos que já tem esse hábito alimentarem a muito tempo.

Outra hipótese está ligada ao clima presente e a influência que as condições meteorológicas têm na saúde humana.

Já, que segundo estudos, as pessoas naturais de regiões de clima temperado continental, como o da França que têm por característica verões quentes e chuvosos e invernos rigorosos, têm a tendência de serem mais altos e possuírem massa óssea e muscular mais resistentes esta condição climática.

Por, lhes garantir um metabolismo possuidor de melhor absorção de alimentos ricos em gorduras.

Porém, a mais provável e mais estudada está nos efeitos do consumo alto e frequente de vinho pela população, combinado com a dieta mediterrânea baseada em vegetais frescos, oliva e azeite, queijo e peixes.

Isto porque, o vinho é rico em antocianidinas, metabólitos secundários que são metabólitos que atuam como antioxidante protetores gastrointestinal e de outras funções do organismo humano ao contrabalancear os efeitos danosos de uma a dieta rica em gordura.

O Paradoxo Francês, começou a chamar a atenção quanto os possíveis efeitos benéficos da ingestão do vinho sobre a saúde, principalmente da classe médica, a partir do inicio dos anos de 1990.

Contudo, a ligação entre o consumo moderado de vinho, a cura de doenças e uma vida saudável é uma crença que tem como berço o médico grego Hipócrates (460 a 377 aC), o pai da medicina.

“O vinho é apropriado para a humanidade, tanto para o corpo saudável quanto para o corpo doente”. – Hipócrates.

Um dos exemplos mais elucidativos dessa hipotética relação entre o vinho e a saúde, vem do Hospital Civil de Estrasburgo que até hoje mantem a Adega dos Sanatórios que fica na parte de baixo do prédio do hospital.

Onde, conservados os registros de receituários desde 1395, cerca de 600 anos.

O receituário do Hospital Civil de Estrasburgo

  • Inchaço – Uma garrafa de Châteauneuf-du-Pape;
  • Colesterol alto – Uma garrafa de Côtes de Provence;
  • Obesidade – Duas taças de Bergerac;
  • Herpes – Banho de imersão Muscat de Frontignan;
  • Problemas de libido masculina – Seis taças de Saint-Amour;
  • “Problemas femininos” – Duas jarras do mesmo vinho receitado para o tratamento de problemas de libido masculina.

São inúmeras as citações e relatos históricos de filósofos, teólogos, médicos e cientistas famosos ou anônimos destacando os benefícios da ingestão cotidiana de vinho para a saúde física e espiritual, associada ao bem-estar e à socialização.

Assim sendo, a correlação entre vinho e saúde vem se sucedendo através dos séculos, seja pelo estudo de casos concretos ou por tentativas de reunir dados históricos disponíveis.

A Comprovação

Muitos estudos realizados nos últimos 20 anos confirmam os dados de pesquisas que indicam o Paradoxo Francês e explicam os mecanismos de proteção do cérebro, do sistema cardiocirculatório, do organismo humano como um todo e o consequente aumento da longevidade pelo consumo moderado de vinho.

Um marco foi o estudo publicado na conceituada revista científica The Lancet em 1992, pelo professor Serge Renaud, pelo médico cardiologista Michel de Lorgeril e por dois investigadores franceses do INSERM, Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale, organização pública francesa exclusivamente dedicada à pesquisa biológica, médica e de saúde pública.

Esse estudo, que comparou o consumo médio de vinho com a taxa de mortalidade causada por doenças cardíacas, num conjunto de 21 países, obteve como resultado a constatação de que os países que consomem mais vinho têm menor taxa de mortalidade por doenças cardíacas.

Apesar, de outras variáveis como: clima, a existência e a não existência de hábitos de vida saudável, a existência ou não da dieta mediterrânica que, também podem afetar a taxa de mortalidade, o estudo conclui que a ingestão dentro da razoabilidade, sem excessos, realmente reduz o risco de doenças cardíacas.

Ao ajudar a aumentar o HDL, o bom colesterol, dilatar os vasos sanguíneos e aumentar a elasticidade das paredes vasculares.

Já, que os habitantes dos países estudados que se encaixavam dentro dessas variáveis tiveram menos mortes por doença cardíaca onde o consumo de vinho per capita era maior.

Como conclusão dos autores desse estudo é que de fato, esses fatores no seu conjunto, explicavam a correlação, e não apenas o consumo de vinho. Uma contradição a qual deram o nome de Paradoxo Francês.

Um verdadeiro paradoxo por, apesar de uma dieta rica em gorduras, na França a incidência de doenças cardiovasculares é notavelmente baixa, em comparação com outros países ocidentais.

Fato que estudos científicos atribuem ao consumo de vinho, principalmente o tinto por conter teores mais elevados de compostos fenólicos.

Incluindo o grande subgrupo dos flavonoides que são possuidores de elevadas propriedades antioxidantes, antivirais, bactericidas, de proteção vascular que, inclusive contribuem ao não desenvolvimento de diversos tipos de câncer, se comparados ao vinho branco e outras bebidas alcoólicas.

Porém, infelizmente indicar uma ligação simplista entre vinho e saúde pode ser o caminho em direção a objetivos contrários aos pretendidos: O alto consumo de bebidas alcoólicas.

Daí, não esperar que as autoridades promovam campanhas de distribuição da sabedoria e conhecimento científico do Paradoxo Francês de forma uniforme a todas as populações do planeta.

Paradoxo Francês um exemplo gastronômico a ser seguido no Brasil

Por que o Paradoxo Francês é um exemplo gastronômico a ser seguido no Brasil?

Em verdade, um exemplo a ser seguido pelos habitantes de todos os países.

Os franceses, ao combinar um estilo de vida ativo com alimentação equilibrada pela ingestão de ingredientes de qualidade e um bom vinho com moderação, são a comprovação de ser possível comer de tudo e manter-se saudável.

É sabido por todos, que a sofisticada culinária francesa, referência ao redor do mundo, é uma cozinha rica em gorduras saturadas e, mesmo assim, apresenta índices de problemas cardiovasculares bem inferiores aos apresentados em outros países.

Comparativamente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência de pessoas obesas na França é de 15,3% da população, enquanto na União Europeia é de 15,9% e 18.9% no Brasil.

Um percentual em crescimento Segundo dados do Ministério da Saúde (VIGITEL – Sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas, 2017), apesar dos brasileiros estarem adquirindo hábitos alimentares mais saudáveis ao incluíram mais fibras, frutas e hortaliças em sua dieta.

Essa enorme diferença entre obesos na França e no Brasil, se considerarmos que a população da França é de 67 milhões habitantes quando a do Brasil é de 211 milhões, segundo especialista está na diferença da mentalidade em relação à forma de se alimentar por motivos históricos, sociais, econômicos e culturais.

Enquanto no Brasil, damos demasiado valor à fartura, nos servindo grandes porções pela cultura que comer bem é comer muito. Muito pela busca de uma sensação de conforto. Uma forma de compensação chamada “fome emocional”.

Por outro lado, os franceses valorizam e aproveitam o alimento na sua totalidade. Independentemente da comida específica ou quantidade, comem moderadamente e sem pressa, sempre acompanhada de uma boa taça de vinho.

justamente o contrário do que fazem os brasileiros, que ao invés de manterem hábitos alimentares saudáveis, se jogam em dietas “milagrosas” para o controle da obesidade.

Portanto, para evitar a obesidade e as graves complicações ligadas a ela, o Paradoxo Francês é um exemplo gastronômico a ser seguido no Brasil.

Reduza as porções, coma de tudo um pouco e faça atividades físicas diárias. A fórmula ideal para o emagrecimento saudável e ficar distante do risco de adquirir doenças cardiovasculares, além de aumentar sua longevidade.

E, não deixe de incluir o vinho em sua dieta diária para ser obter os mesmos benefícios realizados pelo Paradoxo Francês, consumindo regularmente, todos os dias, uma boa taça de vinho durante as refeições.

Entretanto, desfrute os sabores, aromas e sensações e todos os benefícios à sua saúde resultantes de seu consumo prudente, sem excessos.

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Para terminar uma super dica:

Quanto melhor a qualidade do vinho maiores são os benefícios à sua saúde!

Portanto, antes de começar a consumir conheça a variedade de vinhos franceses. Isso é claro, se você não for um sommelier profissional ou amador.

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Escrito por A Cozinha Francesa

A Cozinha Francesa é um site que existe para demonstrar todo o amor que temos por essa gastronomia maravilhosa. Aqui você vai encontrar receitas, dicas, ingredientes e tudo que gira em torno da cozinha francesa.

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